terça-feira, 15 de setembro de 2009

Menina da agulha

Que menina é aquela
Que vem de tão longe?
Tão longe
Tão triste e pensativa
Ela vem de onde
Que rosto é o rosto dela
Que sorriso esconde
Que sonho vem com ela
Menina, me responde

Eu ando por aqui
Por aqui assim
Assim
À procura de uma agulha
Que eu aqui perdi
Era agulha que bordava
Meus vestidos, meus encantos
Meus dias coloridos
Meu Deus… e foram tantos

Menina, vá pra casa
Vá dizer a seu pai
Seu pai
Que uma agulha que se perde
Não se acha mais
Eu achei, brinquei com ela
Espetei meu coração
Na dor foi-se o brinquedo
No amor fez-se a canção

Vem viver
Que a vida inteira roda
Roda uma estrada, um violão e um canto
Roda à procura eterna de um recanto
Onde outras rodas possam se encontrar
E cantar como eu cantava outrora
Quando ao meu canto respondia a aurora
Em versos claros como a luz do dia
Em que a poesia cantará o amor

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carcará-Nara Leão

Carcará, pega mata e come
Carcará não vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que hôme
Carcará, pega mata e come

Carcará, lá no sertão
É um bicho que avôa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará, quando vê roça queimada
Sai voando e cantando, Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada

Mas quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim não passa fome
Os burrêgo que nascem na baixada

Carcará, pega mata e come
Carcará não vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que hôme
Carcará, pega mata e come
Carcará, é malvado é valentão
É a águia lá do meu sertão
Os burrêgo novinho não podem andar
Êle pega no umbigo inté matar
Carcará...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Falas de Nara Leão

"A música para mim tinha vários significados: comunicar, ganhar dinheiro, ficar independente. Tudo isso ao mesmo tempo. Só mesmo depois que parei, passei dois anos em Paris, tive meus filhos e não tendo nenhum desses apelos à minha volta, é que me sinto com disposição e vontade de cantar". (Nara Leão)

"O fato de apoiar todos os movimentos, desde que fossem bons, fez com que eu reunisse o maior repertório do Brasil. As pessoas podem ter discutido se eu canto ou não canto, se gostam ou não gostam, mas têm que admitir que a minha falta de preconceito em relação aos movimentos fez com que eu gravasse coisas antigas, novas e de vanguarda." (Nara Leão)

Corcovado Nara Leão

Composição Tom Jobim

Um cantinho, um violão
Esse amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado,
O Redentor que lindo!
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é feliz, meu amor !

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Música de Ernesto Nazareth e Hubaldo Maurício com letra de Vinicius de Moraes especialmente compostas para Nara Leão.

Um Chorinho chamado Odeon

Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorar

Ai, bem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção do violão
Esse bordão
Que me dá vida
E que me mata

É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém


Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer "não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar por vocês"

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade

Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração

Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade

Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon ...