sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carcará-Nara Leão

Carcará, pega mata e come
Carcará não vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que hôme
Carcará, pega mata e come

Carcará, lá no sertão
É um bicho que avôa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará, quando vê roça queimada
Sai voando e cantando, Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada

Mas quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim não passa fome
Os burrêgo que nascem na baixada

Carcará, pega mata e come
Carcará não vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que hôme
Carcará, pega mata e come
Carcará, é malvado é valentão
É a águia lá do meu sertão
Os burrêgo novinho não podem andar
Êle pega no umbigo inté matar
Carcará...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Falas de Nara Leão

"A música para mim tinha vários significados: comunicar, ganhar dinheiro, ficar independente. Tudo isso ao mesmo tempo. Só mesmo depois que parei, passei dois anos em Paris, tive meus filhos e não tendo nenhum desses apelos à minha volta, é que me sinto com disposição e vontade de cantar". (Nara Leão)

"O fato de apoiar todos os movimentos, desde que fossem bons, fez com que eu reunisse o maior repertório do Brasil. As pessoas podem ter discutido se eu canto ou não canto, se gostam ou não gostam, mas têm que admitir que a minha falta de preconceito em relação aos movimentos fez com que eu gravasse coisas antigas, novas e de vanguarda." (Nara Leão)

Corcovado Nara Leão

Composição Tom Jobim

Um cantinho, um violão
Esse amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado,
O Redentor que lindo!
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é feliz, meu amor !

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Música de Ernesto Nazareth e Hubaldo Maurício com letra de Vinicius de Moraes especialmente compostas para Nara Leão.

Um Chorinho chamado Odeon

Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorar

Ai, bem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção do violão
Esse bordão
Que me dá vida
E que me mata

É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém


Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer "não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei pra chorar por vocês"

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade

Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração

Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais

Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade

Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom
De um chorinho chamado Odeon ...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nara Leão-Ditadura militar

Nara Leão ficou conhecida do grande público cantando A Banda, de Chico Buarque, num festival da TV Record nos anos sessenta. Ela foi o exemplo da importância da interpretação e não mais do vozeirão na música brasileira.

Depois do golpe militar, em 1964, a mocinha meio tímida que reunia artistas em sua casa, passou a ser malvista pelos militares e quase foi enquadrada na lei de segurança nacional. O grande poeta, Carlos Drummond de Andrade, dedicou a ela um poema, onde a defendia das garras do milicos da ditadura brasileira. Os intelectuais de então se puseram a defender a moça.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Bossa Nova e Nara Leão

Na década de 50 surgiu no Rio de Janeiro a Bossa Nova que ganha um novo sentido, cantores como João Gilberto entre outros passam a interpretar músicas de outros cantores como Tom Jobim, inserindo um novo jeito de cantar, tocar, compor, arranjar. Esse novo estilo tratava de uma reinterpretação do samba e como intérpretes tinham vários jovens , entre eles Nara Leão que mais tarde tornou-se a musa da Bossa Nova.Esses acontecimentos ocorreram na época da Ditadura Militar e tiveram algumas consequências, uma delas foi que Nara Leão quase foi presa, isso não aconteceu por intervenção de alguns de seus amigos intelectuais.
A Bossa Nova acaba com a hegemônia do parâmetro músical. A estrutura estética procurava estabelecer uma relação de igualdade entre; melodia, harmonia, ritmo e contraponto, fazendo com que a composição fosse prestigiada tendo como evidência um único parâmetro. Com relação as letras das musicas ocorreu uma valorização no que diz respeito a linguagem coloquial e utilNAização da metalinguagem.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Garota De Ipanema Nara Leão
Composição: Tom Jobim

Olha que coisa mais linda,
Mais cheia de graça
É ela a menina que vem e que passa
Num doce balanço a caminho do mar
Moça do corpo dourado do sol de Ipanema,
O seu balançado parece um poema,
É a coisa mais linda que eu já vi passa
Ah!Por que tudo é tão triste?
Ah! Por que estou tão sozinho?
Ah! A beleza que existe!
A beleza que não é só minha,
Que também passa sozinha
Ah! Se ela soubesse
Que quando ela passa,
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor
A beleza que não é só minha, que também passa sozinha...
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor..
Por causa do amor...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Biografia

Na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 19 de janeiro de 1942, na cidade maravilhosa tão cantada em verso em prosa, nasceu Nara Lofego Leão, mais conhecida pelos amigos e parentes de Narinha. Seus pais eram Dr. Jairo Leão, advogado, e a dona de casa, D. Altina Leão e ainda tinha uma irmã, que era nada mais nada menos que Danuza Leão. Danuza foi uma espécie de “divisão de águas”, da sociedade brasileira. Na adolescência começou a ter aulas de violão e segundo alguns críticos foi desse aprendizado e de reuniões feitas em seu apartamento com amigos, nasceu à bossa nova. Nara tentou dança, mais gostava mesmo de fazer gravuras. Um de seus primeiros namoradinhos foi Roberto Menescal, foi ela quem apresentou a Menescal o tal “ JAZZ”. Nara casa-se com o cineasta Cacá Diegues e viaja para a Itália e depois França. Na França nasce a filha de Nara, Isabel. De volta ao Brasil nasce o segundo filho de Nara, Francisco. Nara Leão troca a vida de cantora famosa, pela vida de mãe. Faz vestibular para Psicologia, e obtém um dos primeiros lugares. Nara Leão começa a sentir os primeiros sintomas do enfraquecimento de sua saúde. Mas segue em frente e grava um disco só com músicas de seu grande amigo Chico Buarque de Holanda. Ficha-se um ciclo e Nara Leão Volta a Bossa Nova, seu últimos cinco discos são de Bossa Nova, ora em homenagem ao movimento, ora por encomendas dos japoneses, Nara tem naquele país um grande público. Nara Leão faz show´s pelo mundo inteiro. A morte prematura de Nara Leão aos 47 anos de idade em 07 de junho de 1989 impõe um balanço da importância artística e política de uma interprete popular que nos deixa um legado de valor incalculável. Nara foi vitíma de um tumor cerebral.